terça-feira, 6 de março de 2018

A Calmaria do Meu Namoro

     Mês que vem vai fazer três anos que eu e o João estamos juntos. Nunca fiquei tanto tempo com a mesma pessoa.


     Há quatro anos (um ano antes de conhecê-lo) eu tinha uma vida sexual extremamente fora do eixo e desregrada, onde era movido pelo tesão, adrenalina, futilidade e o descartável mundo sexual gls (cinemões, banheirões, saunas, clubes de sexo etc - a aids nunca esteve tão perto de mim). Tudo era muito agitado e dinâmico. Os encontros, as fodas, os locais, as pegações. E óbvio que me dava muito tesão, se não desse eu não teria tido relações sexuais com a galera que tive. Além dessa turma que transei pra caralho, teve os dois cara que tive um lance mais forte, Fabio e Wilson, 6 meses cada um. Com ambos também era tudo agitado e resumia em foda. Com eles nunca fui em um cinema, restaurante, nunca conheci a família deles e nem eles a minha, nunca eles entraram no meu mundo e nunca eu entrei no deles. Eu tinha vergonha deles e eles de mim. Vivíamos no submundo gay. A única diferença é que invés de meter com muitas pessoas no sigilo, eu metia só com eles no sigilo.


     Desde abril de 2015 quando conheci João as coisas começaram a mudar. Os dois primeiros anos foram intensos e um vulcão em erupção. Foda em tudo que vocês possam imaginar: escadaria de apartamento, dentro do mato da USP, no carro em acostamento de estrada, em motel, em saunas, na casa do meio tio em Recife, na minha casa, na dele, no quarto, no banheiro, na sala, no sofá, no chão, na cozinha com óleo de comida kkk, ele já me comeu, eu já comi ele, já engolimos a porra um do outro, rolou sexo com lutinha (rasgando roupa e tudo pra ver quem ganhava haha), já teve sado masoquismo, já teve sangue na camisinha no começo em estocadas mais fortes, já teve semi fisting, chuva dourada... fora sexo já teve ciúmes, já teve insegurança, já teve muito medo de acabar...

     Não acabou. Estamos nos esforçando pra isso. Sei que é clichê mas o amor nada mais é do que uma planta que se não regar morre. Simples assim. Se ambos na mesma intensidade não cultivar a relação a tendência é acabar. Eu e ele não queremos que acabe.


     Os hormônios Oxitocina e Vesopressina responsáveis pela "paixão" hoje não é tão intenso como há dois anos. Hoje entrou na nossa vida um sentimento chamado "amor". E que sentimento é esse? Não sei. Não existe manual. Cada pessoa e cada relacionamento tem suas características. Sei que no começo me assustou um pouco por ser novo pra mim. Eu que só conhecia a tal da paixão hoje estou descobrindo o tal do amor. Ele é muito mais calmo, mais sereno, mais sóbrio, mais sábio, mais equilibrado, mais confiante, mais leal. Diferente da paixão que precisa dos hormônios acima, o amor precisa de princípios e habilidades como respeito, honestidade, comunicação, empatia (se colocar no lugar do outro).


     Paixão é algo doido (e repito: gostoso pra caralho) e pode acontecer a primeira vista. Com a gente aconteceu e curtimos muito. Amor já não acontece a primeira vista. É construído dia a dia e se desenvolve com o tempo. É juntar a experiência de vida da outra pessoa com sua experiência de vida. Paixão você sente na novidade. Amor você sente no comum!!! Amor vem com a rotina que eu nunca curti, mas estou aprendendo a gostar por estar vivendo essa rotina ao lado de um cara que me ama, que me respeita, que é de família, que é trabalhador, que é honesto, que é educado, que é carinhoso (ogro às vezes), que é leal (sim, eu acredito na lealdade dele).


     Enfim, a fase da paixão avassaladora do meu namoro passou. As coisas estão mais calmas e serenas, isso me irritou um pouco no começo. Mas pensei e refleti que os vulcões em erupções eu vivi com várias pessoas e até com o João nada mais é do que paixão(hormônios). O lance daqui pra frente tende a ser mais calmo. Não existe manual de namoro/amor, isso vai se aprendendo com o tempo e tenho aprendido muito nesse tempo. Namorar é algo muito louco, e namoro com amor é mais louco ainda. São duas pessoas que nunca se viram na vida construindo dia a dia um lance que eu gostaria muito que fosse pra sempre. A beleza um dia vai embora (hoje somos bonitos pra caramba haha). O vigor sexual também vai embora com o tempo. A saúde física não vai durar pra sempre. E no final o que restará? A amizade, o companheirismo, o cuidar do outro com ferro e fogo. Preciso me acostumar com essa nova fase do meu namoro, a calmaria, a adrenalina baixa. Até pouco tempo atrás isso era o amor indo embora. Hoje consigo ver que não. Hoje consigo ver que um relacionamento vai muito mais do que ficar com pênis ereto e penetrar. Se tem algo que eu amo é dormir abraçado com ele e no dia seguinte acordar e falar no ouvido dele que o amo. Não tem nada mais gostoso que o cheiro do cabelo e da pele dele. O post ficou meio confuso, minha ideias ainda estão se organizando sobre essa nova fase do meu RELACIONAMENTO com o meu mlkote.