domingo, 31 de dezembro de 2017

Mãe, eu sou gay

     Uma das minhas metas desse ano era sair do armário lá em casa, empurrei com a barriga e procrastinei até hoje dia 31 de dezembro às 20h.



     Dormi na casa do José de ontem pra hoje (sábado pra domingo), hoje de manhã corri a São Silvestre... fui pra casa pronto pra contar pra minha mãe e pro meu irmão que sou gay. Angustia, ansiedade taquicardia o dia inteiro. Pra minha surpresa minha casa teve gente de fora o dia inteiro, era tia, tio, prima, primo que vinha e ia embora... Não conseguia ficar só nenhum minuto com minha mãe e meu irmão...


     Às 20h meu irmão (que mora em outra casa) veio até em casa pra pegar alguma coisa, falei pra ele sentar no sofá pois precisava falar com ele e minha mãe, chamei minha mãe que estava preparando no forno algo pra ceia. Eles falaram o que eu queria e que poderia falar. Tomei muito cuidado com as palavras pra não chocá-los, falei "eu nunca, desde criança senti atração física por mulher". Achei que falar assim seria menos pesado do que dizer "sou gay", "sou homossexual", "curto homem".



Ainda estou em choque com tudo, ainda estou agitado, ainda estou digerindo tudo.... 34 anos depois falo para as pessoas mais importante da minha vida quem realmente sou. 


Queria muito dividir com vocês aqui do Blog que sempre estiveram comigo, sempre conheceram meu outro lado e torceram por mim.


Amanhã volto aqui e falo qual foi o desfecho de tudo. Estou bem, minha família está tentando ficar bem, digerir.


Amanhã volto e conto com os detalhes.


Muito obrigado pelo carinho que sempre tiveram comigo. 


abraço, um 2018 abençoado pra todos


Danilo Souza


quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Tentando Salvar meu Namoro

     Abril de 2015 conheci o João no aplicativo de pegação Growlr. No começo não botava fé que sairia algo dali que não fosse sexo, mas saiu, muito mais que sexo. Aos poucos fui me apaixonando por ele, aos poucos ele foi se tornando uma das pessoas mais importante da minha vida. E não foi atoa... nesses 2 anos e 8 meses vivemos bastantes coisas, fizemos algumas curtas viagens, no começo transávamos alucinadamente, saíamos pra jantar fora (rodízio de pizza, japonês, churrasco, mc donalds...), corríamos juntos...


     O tempo passou e hoje as coisas esfriaram... o amor nem tanto, mas a rotina aos poucos está enchendo o saco, talvez ele não perceba mas isso pode contribuir com o fim. Claro, além da rotina tem algo que pega, tenho me pegado ciumento pra caralho. E odeio sentir ciúmes. Nunca senti ciúmes em nenhuma relação anterior que tive, nem por homem nem por mulher, mas por ele eu sinto. Esse fim de semana fomos em um ambiente onde quando eu estava na ativa do vício em sexo frequentava sempre, lá senti ciúmes dele, discutimos, sugeri da boca pra fora termos uma relação aberta, ele não aceitou. Dormi na casa dele nesse dia... Pensei... Refleti... estamos caminhando pro fim, sem percebemos. E não, eu não aceito e não quero isso. Fico chateado quando vejo que relacionamentos gays não duram, tá certo que hoje em dia muitos relacionamentos não duram... sabe por quê? Porque quando algo não está bem, invés de consertarem preferem descartar. E não quero descartar meu relacionamento, quero que ele reviva, quero que o João me ame e eu o ame como no começo, a rotina não pode matar o que temos um pelo outro. Atualmente nossa relação se resume a: transar, assistir série e dormir. Nada mais que isso.


     Em janeiro ele vai viajar com a família, sugeri que ao voltar a gente uma vez por mês saia para algum lugar que não esteja relacionado a sexo/promiscuidade (tipo saunas), sugeri praia, viagem, parques de diversão, algum evento tipo Comi Con, fica ao nosso critério escolher o lugar, desde que a gente vá junto, nos curtir. Além disso também sugeri uma vez por mês um fazer algo gostoso de comer pro outro, deixar dieta de lado e um preparar algo gosto de comer, fazíamos isso no começo (tá, confesso que ele fazia mais, ele cozinha muito bem... eu já prefiro comprar uma pizza pronta kkk mas vou começar a por a mão na massa literalmente). 



     Resumo: Eu o amo pra caralho e não posso perdê-lo e nem deixar nosso amor morrer. E vou te falar, se a gente (eu e ele) não cuidar e regar simplesmente o amor morrerá igual uma planta. E é bom pra caralho ter alguém pra chamar de MEU, pra ter intimidade, pra dividir a vida, pra dormir abraçado, pra transar sem camisinha despreocupado. Espero que eu e ele consiga colocar em prática o que for preciso para vencermos a rotina.



     Tá chegando a hora...  esse é um dos últimos posts que eu escrevo estando dentro do armário. Que eu tenha força para contar aqui em casa sem grandes traumas. Vamos que vamos, segue o fluxo.

     Forte abraço, se cuidem. 

     Danilo Souza 

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Eclipse Sexual

Um é Cristão e não comemora o Natal... O outro é Ateu e comemora o natal
Um prefere rodízio de pizza... O outro de comida japonesa
Um mora em Pinheiros... O outro na Praça da Árvore
Um quer ser pai... O outro quer desbravar o mundo
Um tem olhos pretos... O outro olhos azuis
Um é de Gêmeos... O outro de Virgem
Um prefere doces... O outro salgado
Um  não é circuncidado... O outro é
Um corre... O outro faz natação
Um é negro... O outro é branco
Um tem 34... O outro 30
Eles se amam




Há 2 anos e 8 meses eles se conheceram.

Não é fácil namorar um deles. Todos os dias ele luta contra demônios internos que insistem em puxá-lo para o mundo da pornografia/prostituição/promiscuidade/sexo de risco/sexo sujo/sexo descartável. No submundo e nos guetos ele se sente bem momentaneamente, relaxado e parece que sai um peso de suas costas ao ejacular em desconhecidos nos banheiros fétidos, cinemas onde o vírus do hiv saltam feito pulgas, saunas onde a troca de energia é a pior possível, hotéis e motéis de 5 reais com cheiro de mofo e infiltração.

Não se sabe até quando ele conseguirá ficar longe de tudo isso, mas só por hoje ele optou por não escolher nenhuma das opções acima. Mesmo que nesse exato momento, 2 hora da madrugada, o que ele mais quer é pegar seu carro e sair sem destino procurando uma presa qualquer. Só por hoje não. Pela sua sanidade, por amor próprio e pela outra parte que te ama. Não é fácil. Cabeça a milhão.


sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Meu último mês Dentro do Armário

     Enfim dezembro de 2017 chegou. Esse ano decidi que tava na hora de sair do armário, não vou dizer que está sendo difícil pois não está, estou em paz comigo mesmo, porém não foi nenhum pouco fácil a jornada até aqui:
a) família tradicional evangélica 
b) meio homofóbico (amigos e parentes) (eu também era homofóbico)
c) não aceitação minha comigo mesmo
d) me senti um lixo por muitos anos por ser diferente das pessoas que convivi

     Aos 34 anos chegou o momento por vários motivos também:
a) Independência financeira
b) me amar pelo homem que me tornei/estou me tornando
c) tentei mudar de todas as maneiras possíveis ("cura gay" com psicólogas cristã e não cristãs, campanhas, jejuns, orações, Fogueiras Santas, vigílias etc...)
d) não me sentir superior ou inferior a ninguém por ser assim

     Pretendo contar primeiro às pessoas aqui de casa: minha mãe, meu irmão e aos poucos de forma natural e quando surgir o assunto ir contatando para os demais da minha família. Não pretendo sair por ai falando "sou gay" até porque nesses 34 anos não vi nenhum primo ou amigo falando "sou hétero". Como disse, quero que tudo seja da maneira natural e sutil, pois sou assim, reservado e pretendo continuar assim. Me afastei das redes sociais há alguns meses (facebook, intagram) pois quero viver minha vida pra mim e para as pessoas ao meu redor e só. 

     E claro, minha eterna gratidão a esse Blog que segurou a barra nas minhas crises pesadas. Mais de 2 milhões de visualizações = mais de 2 milhões de energia positiva que recebi (e recebo) para segurar a barra nos dias sombrios. Muito obrigado 😊