quinta-feira, 4 de julho de 2019

Filosofando Toy Story 4

     Não sei se já contei aqui mas sou fã de Toy Story desde quando foi lançado o primeiro em 1995 e eu tinha 12 anos. Naquela época era apenas um filme de brinquedos que falam.

     Ao me tornar adulto comprei todos os bonecos originais (Woody, Buzz, Rez, Sr e Sra Cabeça de Batata, CR, Porquinho, Barbie e Ken do filme 3, os Aliens, Slinky), foram uma fortuna mas valeu a pena cada centavo.

     No terceiro filme é que fui sentir e perceber que Toy Story (como a maioria dos filmes da Disney) é muito mais do que um desenho animado. A história desde 1995 tinha um peso emocional e filosófico muito grande. Um dia falo sobre os filmes 1,2 e 3 (meu preferido). Mas hoje vou falar do quarto filme da franquia, que assisti ontem com João.


     A história começa algum tempo depois do Andy já adulto ter dados seus brinquedos para a menina Boone.

     Agora os brinquedos vivem no quarto da Boone... Precisaram deixar seu passado pra trás e se adaptar com anova realidade.  O xerife Woody agora não é mais o brinquedo preferido o Andy, não vive mais seus tempos de glórias e aventura ao lado de outros brinquedos, é até obrigado a obedecer a nova "líder", uma boneca (chata) de pano. Ele tenta disfarçar para os outros brinquedos mas no fundo está triste e infeliz por praticamente ser um "inútil" na vida da dona do brinquedo.

     Chegou o primeiro dia de aula da Boone e Woody decide ir contra a nova líder dos bonecos e acompanhar a menininha  no Jd da Infância. Lá temos mais outra carga de sentimento, Boone se sente deslocada ao novo ambiente, se sente triste e perdida... o cowboy Woody triste em ver sua dona assim pega um bocado de materiais recicláveis no lixo e coloca na mesa dela para passar o tempo. Boone com um garfinho  de plástico e outras partes de lixo cria seu novo amiguinho e brinquedo preferido: o Garfinho. A garotinha se apega tanto ao novo brinquedo feito de recicláveis que leva pra casa, quer dormir com ele.

     Pra susto do Woody o Garfinho assim como os outros brinquedos ganha vida e começa a falar. Woody fica feliz até o momento que percebe que o Garfinho não se aceita como brinquedo, o Garfinho só se vê como lixo querendo a todo momento se jogar na lata do lixo. Quantas vezes nos sentimentos assim? Quantas vezes somos amados por pessoas especiais (como o Garfinho era amado pela Boone) mas na nossa cabeça não somos bons o suficiente e nos sentimos igual o Garfinho: lixo.
Woody tem um trabalhão em vigiar o garfinho e provar pra ele que ele é um brinquedo amado e um dos mais importantes para a Boone.

     Woody até consegue convencer o lixo, digo, o Garfinho que ele é um brinquedo e não um monte de lixo... mas até isso acontecer vai todo mundo parar no Antiquário Segunda Chance (a Disney é foda, até no nome dos locais eles conseguem fazer ter uma carga emocional... quem que não quer ter segundas chances e que a segunda seja melhor que a primeira?)... Ah, antes de chegar no Antiquário Woody encontra o grande amor da sua vida, a pastorinha Betty que a vimos pela última vez lá em 1999 no filme Toy Story 2.

     Não é mais a nossa Betty de 1999, ela está mudada, está diferente, está mais independente, mais forte, mais guerreira... E quem é que nunca ficou um tempão sem encontrar um amigo e anos depois o encontra totalmente diferente... ou a gente mesmo, como a gente não mudou de 1999 pros dias atuais? Betty agora tem outra filosofia de vida enquanto Woody ainda não se vê longe de uma criança para chamar de sua (e vice versa).

     Encontrando Betty, a missão agora se passa no Antiquário Segunda Chance, o garfinho está preso por uma boneca chamada Gabi que tem tudo pra ser a vilã do filme, mas vemos que ela sempre se sentiu rejeitada por não ser amada pela neta da dona do comércio e com a auto estima baixa por sua caixa de voz estar danificada. Mais uma vez entra a auto estima da boneca (e nossa) achando que para ser amada ela precisa estar e ser perfeita. Nosso herói Woody mais uma vez se sacrifica para que a boneca Gabi tenha a chance de ser amada e dá sua caixa de voz pra ela. Gabi fica perfeita, falando normalmente... a criança que Gabi sempre admirou vê a boneca e mesmo assim a despreza, Gabi percebe que "ser perfeita" não era o que ela precisava para ser amada. Depois ela encontra uma criança para amá-la.


     Final do filme... Woody ajuda o Garfinho e deixa ele sã, salvo e com auto estima de que ele realmente é um brinquedo e não um lixo... E na hora de voltar pra casa, Woody decide ficar com Betty. Virar um brinquedo "perdido" ao lado da amada e de outros brinquedos.


     Nada é pra sempre, emprego, família, relacionamentos... uma hora as coisas vão acabar de um jeito ou de outro. Dói, incomoda, mas precisamos seguir em frente. Woody não vivia mais os tempos de glória, não era mais o brinquedo preferido, não era mais amado por uma criança, viveu as aventuras mais fantásticas que um brinquedo poderia viver tanto ao lado do Andy como ao lado da sua família de brinquedos (sim, a gente se apega aos coadjuvantes de uma maneira que se tornam a família do Woody como o Rex, Slink ,CR e outros...). Mas ele precisava seguir em frente e no final do filme ele seguiu, mudou totalmente sua vida, mas voltou a se sentir "vivo" de novo vivendo outras aventuras.


     Esse filme é um filme sobre seguir em frente, deixar o passado pra trás, acreditar em você, saber que por mais que vc se sinta "lixo" você é especial de alguma maneira pra alguém (pra Deus). Amei o filme, pretendo ver novamente.




quarta-feira, 3 de julho de 2019

Por favor vejam o vídeo abaixo

Por favor vejam o vídeo abaixo:



Abaixo algumas frases homofóbicas, as que estão de vermelho é que já falaram pra mim ou que eu já falei em algum momento da minha vida.

"ela é minha amiga"
"ele é meu amigo"
"só tem que ter jeito de homem"
"eles são promíscuos"
"só curto na encolha"
"quem é a mulher da relação"
"não gosto de bichinhas"
"sou discreto"
"sou fora do meio"
"eu não sou preconceituoso. Tenho até amigos gays"
"tudo bem ser lésbica, mas precisa se vestir como homem?"
"que desperdício um cara bonito desses ser gay"
"eu não tenho problemas com lésbica, inclusive gosto de vê-las se pegando"
"que viadagem"
"mas precisa ficar se exibindo assim"
"mas precisa ficar se beijando em público"
"não tenho nada contra, mas..."
"ele é gay, mas ninguém diz"
"tudo bem ser gay, mas precisa ficar desmunhecando?"
"todos gays deviam ser como o Ricky Martim"
"vocês podem não se tocar ou se beijar? Meus filhos não vão entender"
"não precisa ficar contando pra todo mundo que você é gay" - ouvi da minha mãe (e doeu)
"ele é tão bonito, nem parece que é gay"
"eu não tenho problemas nenhum com gays. Mas prefiro que meus filhos não sejam"





o vídeo acima é de um documentário de 1988 chamado Temporada de Caça onde vários homossexuais ASSUMIDOS e travestis estavam sendo assassinados. A sociedade naquela época apoiava (como se vê no vídeo) e o Judiciário fechava os olhos e fazia corpo mole para a elucidação dos crimes. Como que hoje eu não posso ser grato aos gays que saíram do armário desde aquela época e lutaram sem medo contra uma sociedade doente e conquistaram tantos direitos civis e morais?