segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Crítica do Documentário: Dream Boat

     Acabei de assistir ao documentário alemão Dream Boat sem esperar muita coisa e acabei gostando. Conta a história de 5 homens de nacionalidades diferentes que embarcam em um Cruzeiro exclusivo para homens gays.  Tem o da Cadeira de Rodas, o gordinho indiano, o palestino bombado, um bonito carente e o outro sem expressão que eu nem sei que é. 
     O documentário mostra os sete dias desse Cruzeiro: muita festa, dança, bebida, pegação e muito sexo explícito ou não ... E no decorrer vai contando as histórias e reflexões dos 5 homens que estão no meio disso tudo. O palestino fala que em seu país homossexualidade é crime e ele saiu de lá para não ser preso. O indiano gordinho fala que tem vontade de encontrar um grande amor mas no mundo gay as pessoas só querem corpo perfeito e rola grande (ele mentiu?), outro fala que não pretende sair do armário pois não vê necessidade ai o outro fala que todo mundo sabe e só ele pensa que ninguém sabe.

     Mesmo as pessoas "discretas" e "fora do meio" se identificaria com as histórias desse filme. É muito nossa realidade mesmo não tendo nenhum brasileiro no filme. 

     Acabei me lembrando das saunas e clubes de sexo que eu ia. Virava a noite beijando, mamando, sendo mamado, fudendo quem eu via pela frente sem filtro... Nesses ambientes uma sensação de adrenalina, de poder, de prazer momentâneo. Mas saiu de lá, chegando em casa, a solidão batia. Nem falo de espiritualidade e tal, falo de vazio existencial mesmo. E o filme retrata isso. O indiano no dia seguinte ainda no navio fala que nunca se sentiu tão vazio e depressivo. O documentário acaba sendo uma verdadeira terapia para esses 5 homens que falam sobre homofobia, opressão, seus sonhos de encontrar o homem ideal, se casar, desejo de terem corpos sarados, medo de envelhecer e ficar solitários.     

     Não sei se eu faço muito drama ou se ser gay realmente é difícil. Vejo por mim, eu só tive um amigo gay na minha vida e ele morreu. Depois da morte dele não tive um amigo gay. Tenho vários colegas gays, pessoas que eu troco ideia, admiro, tenho carinho e tal. Mas amigo de ir na casa, a pessoa vir na minha, virar a noite conversando, saber que se um dia eu me fuder eu posso ligar pra pessoa a hora que for que a pessoa me socorrerá isso eu não tenho mais. E amizade assim simplesmente acontece quando menos se espera, forçou fudeu, desanda. Tive no passado 3 amigos héteros que eu amo muito, eles sabem de mim mas os três se casaram, os três tem suas esposas, seus filhos... E o filme retrata isso, essa solidão na multidão. O filme relata sobre haver poucos relacionamentos gays duradouros, poucos relacionamentos gays idosos. Como eu disse é um filme bem tocante de uma hora e meia, pena não ter dublado (eu prefiro). No meio de toda putaria que é aquela festa há muitas reflexões. 



Em tempo: Pesquisei na net e os 5 rapazes que contam as histórias são esses abaixo:

MAREK - Polonês de 24 anos que se mudou para a Inglaterra com medo da homofobia na família.

DIPANKAR - Indiano afeminado que busca um amor, mas sabe que sua aparência e e seu corpo não possuem atrativos para os homens do cruzeiro (só do cruzeiro?)

PHILIPE - Francês paralítico devido a uma menigite

MARTIN - Australiano e fotografo, portador de hiv

RAMZI - Palestino que fugiu por conta da violência contra gays e se refugiou na Béligica. 


O link abaixo é um Blog que também fez uma análise bem interessante do filme, se tiver um tempinho também recomendo a leitura:
https://dialogosdesonhadores.blogspot.com/2018/01/dream-boat.html?showComment=1601874853698#c5202285529522609265


Bom é isso, fico por aqui. Um forte abraço.