Me chamo Danilo, tenho 33 anos, moro em São Paulo, sou evangélico desde que nasci (igreja Pentecostal Deus é Amor), sou policial, sou o irmão mais velho, faço parte de uma família tradicional e preconceituosa, sou gay. Não queria sentir atração física por homem mas sinto, já fiz tudo que se possa imaginar pra deixar de sentir e não consegui. Criei o Blog pra desabafar e conhecer pessoas na mesma situação que a minha. Meu e-mail é: gladiadordavi@gmail.com
É preciso deixar o passado no lugar dele: no passado. Para trás. Mas quem disse que é fácil? Os pensamentos, as lembranças insistem em aparecer. E detalhe: só as lembranças boas. Nossa mente é traiçoeira e quer nos convencer que foi tudo bonito, que foi tudo legal. Negativo. Não foi. Teve momentos ruins. Nem tudo foi flores. Não houve lealdade (de ambas as partes). Não houve respeito (de ambas as partes). Ai minha mente bonitona vem e quer tentar me convencer que foi tudo perfeito. Pode até tentar me enganar mas ajo com a razão e vejo que não foi. Se fosse estariamos juntos até hoje.
É muito difícil seguir adiante. Deixar sentimentos para trás e recomeçar. Se passaram alguns anos e eu não consegui. Se é difícil para um hetero encontrar alguém bacana imagina pra um homo. E a coisa fica mais difícil ainda se esse homo não for assumido, viver no armário e não frequentar lugares GLS. Enfim. A vida não se resolve a sentimentalismo. Na hora certa as coisas vão se resolver.
Essa música SEGUIR EM FRENTE é brega, mas retrata bem o que estou sentindo agora:
Em tempo:
o vídeo acima foi excluído pelo Youtube, estou colocando a mesma música mas interpretada original:
Tirando minha mãe e meu irmão, todas as pessoas que passaram pela minha vida de um jeito ou de outro eu me distanciei delas. Dizem que homossexuais são carentes e tem uma mania de querer agradar os outros, sutilmente os homossexuais querem a aprovação das pessoas (mesmo que inconscientemente). Digo isso por mim e por vários relatos que já li. Não que isso seja a regra, mas acontece muito. Antes eu queria porque queria que as pessoas gostassem de mim, caso minha opinião fosse contrária eu evitava ao máximo citá-la para evitar a desaprovação, sempre fui bonzinho demais. Hoje vendo tudo sinto até raiva e vergonha alheia de mim.
Passou.
Com as pedradas que vamos recebendo da vida vamos ficando mais realistas, mais calejados e começamos a sermos mais nós, caso as pessoas gostem legal, caso não gostem não há muito o que se fazer.
-Perdi meu pai para as drogas quando eu tinha uns dez anos.
-Meus primos que conviveram a infância comigo a maioria casaram, construiram suas famílias e foi cada um pra seu canto.
-Os amigos da minha rua mesma a maioria se casou e se mudaram.
-Fui escoteiro, vivi os momentos mais bacana da minha adolescência lá. Quando a vício por sexo homossexual começou acabei me afastando.
-Amigos da igreja, que saudades, dos acampamentos, dos ensaios musicais, de orarmos juntos, de dormirmos um na casa do outro. Ao sair com homem pela primeira vez aos 17 anos foi o começo do meu afastamento deles. Muitos tentaram manter contato mas eu não permiti.
-Amigos da época de formação militar. Fomos uma família por 365 dias. Seriamos capaz de darmos a vida um pelo outro. Hoje apenas um telefonema de vez em nunca. A maioria também casado.
E a vida foi assim pra mim. Cada um seguiu seu rumo. O que faz eu ter notícias deles ainda é o facebook. Fico muito feliz de verdade em saber que a maioria está bem, construiu família, se tornaram pessoas boas.
Já algumas pessoas estão condenadas a solidão. E muitas das vezes uma solidão no meio de outras pessoas.
Um assunto que eu venho pensando há muito tempo, muitos anos até, mas faltou um tempo e um momento sozinho para colocar essas idéias em ordem. Hoje arrumei esse tempo.
Antes de falar de mim vou falar da religião Cristã. Vou tentar ser mais razão e menos fé. A religião surgiu no momento em que precisava surgir. Jesus apareceu no momento certo da história.
Roma no começo perseguiu os cristãos pois para eles era necessário adorar os imperadores. Até que teve um momento em que Roma começou a declinar, pois já não era tão forte como no glorioso passado de batalhas. Roma conquistou muitas nações e consequentemente muitos escravos. Os escravos eram milhares e muitos se converteram ao cristianismo. Os Romanos maltratavam os escravos. Era ensinado aos escravos que era bom sofrer em nome da religião Cristã, pois ele teria um lugar especial no reino de Deus. Para os escravos era lucro morrer em nome de Cristo. Para o Império Romano não. Pois para Roma era interessante o escravo ter medo da morte para continuar servindo a eles. E não era isso que estava acontecendo. Escravos cristãos ficavam felizes em morrerem em nome de Cristo pois ele herdaria o reino dos Céus. No coliseu enquanto escravos não cristãos lutavam para sobreviver de ataques de leões, chicotes de gladiadores etc, os escravos cristãos apenas se ajoelhavam, oravam e clamavam ao Senhor para estar com Ele após sua partida dessa vida. Assim o Cristianismo ganhou força. Até que um imperador Romano foi muito inteligente, sabendo que os escravos estavam se rebelando pelo fato da religião, esse imperador (que eu não lembro o nome) oficializou a religião Cristã em Roma. A partir dai os escravos de Roma ficaram felizes. A partir dai o imperador usou o cristianismo para manipular as pessoas. Para manipular a massa como fazem até hoje quem está no poder.
Em 15 linhas procurei fazer o resumo do resumo do que aprendi estudando sobre o Cristianismo. Olhando pelo lado histórico (não o lado da minha fé).
TRAZENDO ESSA HISTÓRIA PARA OS DIAS ATUAIS... PARA MINHA VIDA... PARA MEU MUNDO, RELATO MINHA RELAÇÃO COM O CRISTIANISMO:
1ª Fase:
Época de criança. Nasci nos anos 80. Nasci num lar evangélico. Fui apresentado na igreja. Minha mãe e meus pais frequentavam assiduamente uma igreja Batista. Lá tive meus primeiros ensinamentos, meus primeiros hinos.
2ª Fase:
Pré-Adolescência. Nessa fase já tenho lembranças de sentir atração física por homens. E também tenho lembranças de ser extremamente fiel ao Senhor. Em orar para ele pedindo para tirar aqueles sentimentos estranhos de mim. Ainda havia muita esperança e muita fé que eu iria conseguir mudar. Não tinha contato com internet nessa época mas eu ia em bibliotecas e pesquisava em livros sobre sexualidade e era um alívio pra mim ler que poderia ser uma fase passageira esses desejos.
3ª Fase: Dos meus 13 aos 16 anos foi meu ápice na minha luta pessoal contra a homossexualidade. Foi o momento em que mais entreguei minha vida a Deus. Foi o momento em que mais confiei Nele. Foi o momento em que mais tive Esperança Nele. Nesse período eu já pertencia a tradicional igreja Assembléia de Deus. E eu era Leal a Ele. Era puro. Virgem. Não me masturbava. Mas atrações pelo mesmo sexo também veio com uma força absurda em meus pensamentos e em meu corpo. Foi a fase de várias poluções noturnas. Acordar de madrugada com sonhos eróticos com amigos de escola. Acordava suado e melado. Ia tomar banho e já me ajoelhava de madrugada pedindo para Deus me mudar. A culpa não era minha, eu não entrava em um banheiro e masturbava. NÃO. Dormindo mesmo eu sentia esses desejos e acordava atordoado. Me ajoelhava e pedia para Deus me salvar. Eu me sentia muito culpado (mesmo hoje sabendo que não tinha culpa). Nessa fase fiz tudo que pude: ►me batizei, ►escutava hinos e louvava várias horas do dia, ►orei muito de madrugada, ►fiz muitos jejuns, ►de dia ao olhar para algum garoto e sentir atração física por ele eu já clamava o nome do Senhor, ►fiz correntes de libertação, ►fiz campanhas. Nada deu certo. A atração física só aumentava. Mas como um filho fiel eu me mantive forte. Mesmo nada resolvendo. Eu ainda tinha muita esperança que iria passar. Que era uma fase. Nunca tive coragem de conversar sobre isso com o pastor da minha igreja ou com algum outro irmão. Mas liguei diversas vezes para telefones de igrejas evangélicas e desabafava, a pessoa orava comigo pelo telefone. Me sentia aliviado na hora. Somente na hora.
Por isso que hoje eu fico extremamente nervoso quando escuto religiosos dizendo frases prontas "Ora que melhora", "Jesus pode mudar sua vida", "Sua vida tá desse jeito porque você não é fiel a Deus". Deus me perdoe mas sinto vontade de dar um soco na cara do peão. Porque fiz tudo isso. Acredito em Deus. Pode não parecer mas O amo. Mas hoje tenho certeza que não é simples como ORA QUE MELHORA.
4ª Fase
16 anos de idade. Minha primeira namorada. Era da minha escola. Não era um namoro namoro, mas ficamos juntos por seis meses e foi com ela que deixei de ser virgem. Ela era mais velha. Me sentia um super homem ao lado dela. E me senti mais super homem ainda o dia que tranzamos pela primeira vez. Não lembro o mês, lembro que foi após assistirmos Titanic no cinema, fomos pra casa dela, não tinha ninguém e tranzamos lá mesmo. Sai da casa dela nas nuvens. Feliz por ter tranzado com ela. Surgiu ai a falsa esperança que eu fosse 100% heterossexual e que nunca mais sentiria atração física por homem. Mero engano. Minha conciência não doeu por eu ter tranzado com ela mesmo isso indo contra meus princípios cristãos. Mas eu precisava provar pra mim que conseguiria namorar uma menina. Conseguiria tranzar com uma mulher.
5ª Fase
16 pra 17 anos. A fase em que a internet entrou na minha vida. Antes disso eu não tinha contato nenhum com o mundo homossexual a não ser fantasias. Com a internet conheci as salas de bate papo do UOL. No começo só salas de bate papo evangélicas, lá conheci algumas pessoas e lá tinha coragem de desabafar sobre minhas lutas sexuais. Comecei também a entrar nas salas Gays e Afins. Apareceu um cara com o nick do bairro em que moro. Foi uma conversa rápida. Marcamos de nos encontrar em um shopping. Nos encontramos lá e de lá fomos para um parque deserto. Nesse parque deixei de ser virgem com homem. Locura total. Prazer imenso também. Adrenalina a mil por hora. Pior que voltei para casa também me sentindo um super homem por ter comido o kra. Mas também me senti sujo. Cheguei em casa, tomei banho, joguei minha roupa no lixo, me ajoelhei e chorei muito falando com Deus. Prometi pra Ele que aquela seria a primeira e última vez. Não cumpri a promessa. Também tinha em minha mente que em eu experimentar tranzar com homem eu não iria querer tranzar novamente, seria uma experiência e só. Não foi isso que aconteceu.
6ª Fase
17 anos em diante. A partir dai acabou minha inocência. A partir dai minha fé começou a declinar. Depois que tranzei com um kra pela primeira vez não consegui parar mais. Virou um vício. A facilidade de encontrar pessoas no chat do uol era imensa. Era só eu entrar com o apelido do bairro que eu morava que na hora aparecia um monte de gente. Demorou muito para eu beijar na boca de um homem pela primeira vez. Também tinha a esperança que não beijando haveria a possiblidade de voltar a ser hetero (quanta ingenuidade). A partir dai comecei a frequentar cada vez menos a igreja. Era um ciclo vicioso. Tranzar... me arrepender... ir na igreja... chorar muito... ficar uma semana sem me masturbar e sem tranzar... voltar a tranzar... e assim por diante.
7ª Fase
Parei de ir totalmente pra igreja. Me incomodava tranzar com homens promiscuamente e ir na casa de Deus adorá-Lo. Como diz a bíblia: me incomodava servir a dois senhores. .
8ª FaseDepois dos 27 anos, após conhecer muita gente, resolvi parar. Não consegui. Então resolvi diminuir. Ser pelomenos mais seletivo. Nunca fui seletivo, sempre me vi como um viciado em drogas. Era todo fim de semana entrar no chat e sair com alguém, não importava cor, idade, característica física. Eu só queria fazer sexo. Se me arrependo? Não sei... Mas agradeço por não ter pego nenhuma DST.
Conheci muita gente doida, fiz muitas coisas malucas, coisas que nunca imaginei que pessoas fizessem. Mas também conheci muitos homens evangélicos. Muitas homens que ainda lutavam e tinham esperança em parar com aquilo. Eu achava engraçado que o kra suando após fazer sexo vinha dizer que iria parar, aquela seria a última vez. Lembrava dos viciados que sempre dizem que a pedra que estavam fumando era a última.
Conheci também muitos homens evangélicos casados (conheci não evangélicos casados também, mas to relatando os evangélicos pois são / ou eram a minha realidade mais próxima). As história eram bem parecidas com a minha, tentaram parar, não conseguiram. Nunca os critiquei. Nem eles nem ninguém. Mas tranzar com eles era um balde de água fria em mim e no pingo de esperança que eu tinha.
Hoje estou com 29 anos. Vou à igreja pelomenos uma vez por mês, não em uma igreja específica, mas visito algumas. Não saio de casa sem orar, agradecer e pedir proteção.
Hoje não peço mais para Ele tirar aqueles sentimentos de mim. Já tive muita revolta por eu lutar tanto e absolutamente nada acontecer. Nunca um religioso fariseu poderá apontar o dedo na minha cada dizendo que deixei de fazer alguma coisa. Pois eu fiz tudo que pude para ser um homem heterossexual. De vez em quando vem fases de tristeza com Ele pois eu nunca pedi pra ele coisas grandiosas como carrões, mansões ou dinheiro. Eu só pedi pra ele tirar aqueles sentimentos de mim, me dar uma esposa que me amasse e eu amasse e termos uma família abençoada. Só isso. Não é muito. Não sou ambicioso.
De vez em quando também vem questionamentos sobre o Deus que eu servia. Aprendi que eu servia ao Deus que dividiu o Mar Vermelho para Moisés passar e libertar seu povo, o Deus que livrou Sadraque Mesaque e AbedeNego da fornalha de fogo, o Deus que livrou Daniel da cova dos leões, o Deus que fez idosa dar a luz, o Deus que fez uma virgem ser mãe, o Deus que transformou água em vinho, curou leprosos e mulheres com hemorragia, ressucitou um homem que estava morto há mais de três dias. A própria bíblia que sempre foi meu guia por muitos anos diz que nos dias atuais poderiamos fazer em nome de Jesus muito mais milagres do que foi feito naquela época. E meu milagre é tão simples para quem fez o céu e a terra.
Por mais que religiosos insistam em apontar o dedo e dizer que Ele não fez nada por mim, pois suas obras é feita para que seu nome seja glorificado, eu pergunto: será que eu preciso me expor para todo mundo, ser humilhado pra só depois ser livre? Nesses anos todos conheci pessoas que passaram por isso, foram humilhadas, se exporam nas igrejas e o que receberam foram olhares tortos de religiosos que insistem em apontar ao pecado dos outros esquecendo os seus.
Pra finalizar, escrevi demais, eu não sei o que será de mim. O que será do meu futuro. Sei que não pretendo mais ter uma vida promiscua saindo todo fim de semana com uma pessoa, não porque isso é pecado ou qualquer baboseira do tipo. Não farei isso porque simplesmente não tenho mais vontade, simplesmente não vou ficar me expondo sem necessidade.
Hoje minha relação com Deus é algo que nem eu sei explicar. Sei que O amo e pode não parecer mas eu O respeito, tenho um carinho especial por Ele. Não sei o motivo Dele não ter feito nada por mim. Sei que vou continuar lutando por sonho a sonho que tenho. Sei que depende mais de mim do que qualquer coisa ou qualquer instituição.
E para os irmãozinhos e irmãzinhas que insistem em criticar os "pecadores" eu deixo para meditação o capítulo 13 de I Coríntios.
Inveja é um sentimento que eu detesto ter. Mas hoje eu tive. Não uma inveja do tipo "tomara que fulano perca o que eu desejo ter", "já que eu não consegui ter quero que fulano também não tenha". A inveja que eu tive foi de "como eu também queria ter".
Facebook é um instrumento bacana pois faz você ter contato com pessoas que há anos você não tinha. Hoje reencontrei virtualmente um amigo que trabalhei com ele há oito anos. E vendo as fotos do album dele vi a família dele. Uma esposa bonita e um filho de um aninho, coisa mais linda ele ao lado da mulher dele, do filho dele. Um bebê tão bonito que da vontade de apertar só vendo as fotos, rs. Confesso que senti inveja dele, inveja é uma palavra forte mas não consegui encontrar outra palavra. Pois desejei ter uma família tão bonita quanto a dele. Não a família dele, mas uma família tão linda quanto a dele. Sei que fotos escondem muitas coisas mas tenho certeza que ele é feliz ao lado deles, pois ele é um kra especial, ético, carinhoso (era com os amigos, imagino com a família). Enfim, só um semi desabafo, rs. Que Deus abençoe a família dele que eles sejam cada vez mais feliz.
Nessa minha jornada homo conheci muitas pessoas e estudei muito psicologicamente, fisicamente e geneticamente sobre a homossexualidade. Na minha humilde e ignorante opinião não há nada que faça uma pessoa que sinta atração por homem deixar de sentir. O que há são mudanças de hábitos. Aprender e se acostumar a deixar velhos hábitos para trás e criar novos hábitos. Esse seria o começo de tudo. O próximo passo seria a ousadia de enfrenter os medos, as inseguranças e começar a ter novos hábitos. Não to dizendo que é certo ou errado ter essa atitude, nem acho que ninguém deve fazer isso. Pois cada um tem sua vida, sabe onde o calo aperta.
Há alguns anos conheci pela net Claudomiro Soares, tem um bonito testemunho de vida. Foi homossexual assumido e ativo (ativo que digo é que saia frequentemente com homens). Hoje é casado com uma linda mulher, tem dois filhos, escreveu o livro "Homossexualidade Masculina - Escolha ou Destino", cheguei a trocar alguns e-mails com ele mas depois perdemos contato. Além do livro vi o dvd do testemunho dele e recomendo. Ele tinha um site mas procurei e deve ter sido excluido pois não achei.
Hoje tive o prazer de conversar pelo facebook com Shirlene, mulher do missinonário Antônio de Moraes. Foi uma conversa rápida mas que sei lá, me deu um pouco de esperança, e esperança é algo que tem estado distante de mim. Antônio Moraes foi travesti. Mudou de vida. Aos 45 anos conheceu sua esposa. Hoje tem uma família abençoada e feliz. E meu sonho maior é esse FAMÍLIA. Pra mim não há nada mais valoroso do que a família. Ela disse que iria orar por mim, que há solução para tudo nessa vida. E eu sei disso. Não vou me iludir mais uma vez que Deus fará isso ou aquilo por mim. Mas voltei a ter um pouco de esperança que serei feliz ao lado da minha esposa e dos meu filhos. Não pra sociedade ver, mas algo pra mim ter, pra minha realização. É o meu sonho.
Já passa das três horas da manhã. A insônia não me deixa dormir. Me deito e não paro de pensar... e nunca vi uma pessoa que pensa tanta coisa negativa como eu. Penso que já to chegando nos 30 anos e pouca coisa eu fiz daminha vida. Minha vida hoje está longe da que eu gostaria que estivesse. Sei que depende só de mim. Enfim...
Hoje fui em uma sala de reunião do D.A.S.A. (dependentes de amor e sexo anônimos). Gostei muito dessa irmandade. Gostei muito dos relatos, me identifiquei com vários. Pretendo voltar mais vezes. Também pretendo usar esse espaço para assim como lá me conhecer melhor usando algumas ferramentas de lá.
Depressãozinha básica. Vai passar. Ela sempre vem e sempre vai embora também.
Nunca vi um nego pra reclamar tanto da vida como eu. Não reclamo para as pessoas pois sei que é um saco viver com uma pessoa que vive reclamando de tudo e de todos. Reclamo pra mim mesmo.
E se eu resolvesse sair do armário como seria? Qual seria a reação da minha família? Qual seria a reação dos meus amigos? dos meus colegas de trabalho?
As pessoas são hipócritas. Todo mundo vive dizendo que aceita de boa ter em seu ciclo pessoas homossexuais. Pelas costas ficam tudo falando mal. No meu serviço já vi nego se referir a homossexuais assumidos ou suspeitos de serem homossexuais como: "o viadinho", "a sapatona", "o bichona". Isso quando ser homossexual não vira sobrenome ou ponto de referência tipo:
- Você viu o Bastos por ai?
- Que Bastos?
- O viadinho pô.
- Ah, ele tá na casa do caralh*
Entendo perfeitamente porque Ricky Martin decidiu sair do armário, se libertar e viver uma vida plena ao lado do kra que ele ama e de seus filhos. Ele é rico, bonito. Tava com a faca e o queijo na mão.
Mas também entendo perfeitamente porque o Gugu quis permanecer ter uma vida mais discreta. A família dele super tradicional, religiosa iria sofrer muito. Estou indo mais para o lado do Gugu. Tenho medo de me tornar uma pessoa frustrada e amarga. Graças a Deus até o momento tenho conseguido administrar isso. E SE.. E SE ... E SE... nunca saberei de verdade o que teria realmente acontecido se eu tomasse decisões A o invés de B.
Essa semana morreu a apresentadora Hebe. Não era fã mas gostava dela, fiquei triste com sua partida, é como se uma tia perua tivesse partido. Apesar da tristeza é bom saber que ela aproveitou cada dia de sua vida. Morreu do jeito que todo mundo quer: velhinha, dormindo e sabendo que seu filho estava independente e não dependeria de terceiros.
Falando no filho da Hebe, o Marcelo Camargo, há boatos por ai que ele seja gay. Nunca o vi na minha vida mas acredito que ele seja, pelas fotos consigo ver isso. Talvez porque eu seja consigo ver os detalhes de quem seja. Ele nunca assumiu isso, a mãe dele também nunca tocou no assunto. Também não é problema das pessoas isso. Ele ter uns 40 anos, não ser casado, não ter filhos, nunca ser visto com namorada nenhuma acaba acendendo a curiosidade dos "zé povinhos" da vida. É um pré-conceito mas não deixa de ser real, por mais que aja muitos gays casados e com famílias por ai, a maioria dos solteirões que conheço esconde um desejo reprimido ou uma vida secreta homossexual. Enfim, cada um é cada um.
Gosto muito do Agnaldo Rayol também, tem uma voz linda. Tem uma música dele que não sei o nome e nunca achei pra baixar ou o cd pra comprar.
