segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Visitei uma igreja de gays

     Nunca curti militância gay, militância evangélica, política ou qualquer tipo. Sempre tive minha opinião individual sobre qualquer assunto independente de fazer parte de determinados grupos e sempre, sempre discordei deles. 

     Sempre fui cristão desde que nasci, fui apresentado na igreja, meus amigos da infância e da adolescência eram todos da igreja. Mesmo sentindo atração por homens eu sempre estive lá. Só cai fora quando a promiscuidade virou vício, água e vinho não se misturam. Há cerca de 4 anos com muita, mas muita luta mesmo tenho vencido o vício por sexo e nesse período tenho voltado para o templo, pra renovar minha fé, minha esperança e me dar força de Só Por Hoje não sair por ai transando com desconhecidos. 


     Há algum tempo um leitor do Blog chamado Bruno me convidou para conhecer uma igreja inclusiva chamada Cidade de Refúgio. Relutei muito pra ir. Foram conflitos de anos criticando internamente esse tipo de igreja, como assim? uma igreja para homossexuais, quem eles pensam que são pra fazer isso? Esse tipo de igreja deve ser mó putaria pois gays são tudo sexuais e não se contentam com um macho só...  Mesmo sabendo que poderia encontrar tudo isso, hoje domingo de carnaval combinei com o Bruno e fui. 


     Fui de moto e as ruas do centro estavam todas fechadas. Deixei próximo ao metrô Anhangabau e caminhei uns 2 quilômetros até a igreja. Tinha muita gente comemorando o carnaval, gente bêbada, gente semi nua, gente fumando maconha, gente cheirando cocaína, gente dançando... No caminho passaram a mão na minha bunda, mas tinha tanta gente que não vi quem era. Cheguei 18h30, o culto já havia começado. 


     A igreja é grande porém não é gigantesca. Na entrada algumas pessoas no recepcionam nos desejando boas vindas. Entrei e sentei na terceira fileira. Estavam louvando. Após os louvores foi a vez de Lanna Holder ministrar. Ela é bem conhecida no mundo gospel onde pregou muito sobre sua cura gay. Eu me inspirei muito nela na época que lutava contra a homossexualidade, pensava que se ela e outros conseguiram eu também conseguiria. Ela não conseguiu se curar de algo que não é doença, largou o castelo de mentiras que vivia e hoje é casada com uma mulher e ambas levam o amor de Deus para as pessoas que precisam e querem. 



     Ela disse que não vende prosperidade ali, que o foco daquela igreja não é esse, mas mostrar o verdadeiro significado de ser cristão e isso vem acompanhado de lutas, os discípulos e posteriores pós Jesus sofreram perseguição. Que ser cristão tá muito, mas muito longe de ser um mar de rosas. A pregação foi bem mais complexa e ampla que isso. Não foi citado homossexualidade nem nas entrelinhas, o que vi ali foi um culto a Deus. Ah, falou se também sobre sexo antes do casamento, sobre promiscuidade. Tudo que eu já havia visto nas diversas igreja que já visitei. O final do culto foi muito bacana, fazia um bom tempo que não sentia a presença de Deus como senti ali.



     O público da igreja é mais de 90% gays e lésbicas. A maioria participativo durante o culto dando vários Glórias a Deus e falando em línguas. Muitos acompanhados de seus parceiros e parceiras, muitos com alianças, muitos de mão dadas durante o culto. Não vi ninguém beijando na boca, mas um carinho gostoso e respeitoso de se ver. 


     Depois do culto encontrei o Bruno, dei um abraço forte nele e agradeci o convite... O acompanhei até o metrô onde fomos conversando. Curto muito encontrar leitores do Blog, encontrei poucos até hoje, acho que o Bruno foi o quarto. Ele me agradeceu pela visita, não falei pra ele, mas não foi uma visita, ele me mostrou o caminho de volta pra casa. 




      

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