segunda-feira, 30 de abril de 2018

4 meses "fora" do armário

     A insônia resolveu me visitar, com ela a saudade do meu amigo que se foi, saudades de sair com ele, virar a noite jogando conversa fora sendo eu como nunca consegui ser com ninguém. Vontade de ir embora de SP pra um lugar que ninguém me conheça. 

     Como falei aqui, fui da igreja Deus é Amor, uma das mais tradicionais. Tive uma namoradinha quando era pré adolescente chamada Nice, nada de sexo, nada de mão boba, devia ter uns 14 anos na época. Anos depois, após adulta ela conheceu um colombiano aqui no Brasil (na igreja), se casaram (fui padrinho), ele foi trabalhar em Nova Jersey e ela foi com ele. Estão há 14 anos lá. Estávamos conversando no mensager agora a pouco e papo vai, papo vem, ela perguntou se eu estou namorando, eu disse que não, ela disse que absurdo um homem bonito como eu estar solteiro e que ela iria apresentar uma amiga dela de lá. Falei pra ela que sinto atração física por homens e havia lutado a vida inteira para não ser assim. Nice sempre foi uma crente fervorosa, sempre usou roupas de crente, cabelos de crente, palavriados de crente. Pra minha surpresa ela foi extremamente carinhosa, amorosa e delicada. Não citou em nenhum momento a bíblia para dizer que isso é certo ou errado. Apenas disse que me ama, que sou sou especial, que tem um primo gay e nunca o viu inferior a ninguém. Meu irmão que é homofóbico e me aceitou de boa me surpreendeu. Agora minha ex namoradinha de infância que é evangélica de uma das igrejas mais tradicionais e rígidas também aceitou super tranquila e de forma amorosa. Ela perguntou se estou namorando mas preferi omitir essa informação, pelo que conheço dela ela iria querer saber tudo do João e ele vive no armário, não é justo eu expô-lo. 

     Nesses 4 meses fora do armário praticamente continuo dentro do armário. Acho que contei só pra 3 pessoas a mais. No aniversário de 70 anos do meu tio uma prima minha que é lésbica estava lá, chamei ela de canto, começamos a conversar e acabei contando, ela disse que estava tremendo de nervosa, mas muito feliz e que me amaria mais ainda, falou um pouco de como foi sofrido as piadinhas na casa dela quando ela saiu do armário, e ela é meio masculina e até hoje ela escuta piadas maldosas e sem graça na nossa família mesmo. Outra prima minha tava perto e acabou entrando na história, fiquei sem graça, mas já tava contando, acabei confirmando a história


     Outra pessoa que contei foi pra uma colega da Guarda Civil que trabalha comigo, ela tem cabelo curto, voz meio grossa, é toda meio masculinizada e ela vivia toda hora falando do ex marido, do ex marido, achava estranho ela querer bancar a hétero e tinha mó jeito de lésbica. Acabei contando de mim, já que a gente troca ideia sobre tudo e temos afinidade sobre vários assuntos. Contei pra ela de mim, ela agiu natural, acabou dizendo que era bi. Nos vemos praticamente todos os dias, nunca mais tocamos nesse assunto, falamos de tudo, menos sobre isso. Se tornou algo normal como deve ser, sem estresse, drama (que esteve presente nas minhas saídas de armário)


   

6 comentários:

  1. Bom dia Danilo! Sempre acompanho suas publicações! Veja, eu particularmente não entendo mto esse lance de sair do armário​! Não vejo um significado maior nisso... Penso que devemos ser quem e o que somos... Sou bissexual, casado com mulher, tenho 3 filhos lindos! E tenho tesão por homens... Porém meu tesão se resume apenas a experiências sexuais...Nunca fui apaixonado por nenhum homem... Não preciso sair por aí dizendo o que faço na cama (ou fora dela) para ninguém... Assim como não conto das minhas relações sexuais com minha esposa. A atração e o sexo com caras, só me dá mais vontade e desejo por um relacionamento com minha família. Se um dia alguém souber... Vai saber... Toda ação certamente gerará uma reação... Porém enquanto isso... Vou seguindo minha vida... Claro, que mtas vezes bate a bad, isso faz parte... Mas basta saber administrar essa situação... Depois que me desprendi de rótulos vivo mas em paz comigo. Outra coisa que tem me feito bem e o Deísmo... Uma forma de pensar atípica dá concepção socioreligiosa, onde D'us não nos pune em nada nas nossas atitudes,mas consientes da reação que nossas atitudes podem trazer e nos preparar para assumi-las e trabalha-las.
    Gilson

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  2. Uau eu ainda tô impressionado com essa nova fase, parabéns pela coragem Danilo. Acompanho seu blog a mais de 5 anos e fazia um tempão que não lia. Fico feliz pela sua coragem, vc já me conhece haha conversamos a um tempo atrás... O meu caso é um pouco diferente todo o meu ciclo de amigo sabe da minha orientação sexual menos a minha família não me sinto dentro de um armário mais, logo é natural que uma hora também acontecerá comigo, seu exemplo é um apoio sincero nessa jornada. Abraços

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    1. "anônimo" obrigado pelo comentário. O tempo passa e nossas vidas vão caminhando às vezes para lugares que a gente não imagina. Importante é mantermos nossa ética COM A GENTE MESMO. Queria que a sociedade aceitasse mais gostar do mesmo sexo, mas infelizmente ainda existe muito tabu e preconceito velado. Vamos vivendo, nós e a sociedade evoluindo. Forte abraço!!!

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