Namorado passou HIV Aids para o Parceiro

     Na parte da manhã trabalho na Bio Ritmo como professor de musculação. Há alguns meses conheci um kra chamado Fabiano. Eu que faço as fichas de treino dele e sempre conversamos, ele sempre comentava que ia pra praia, balada, festas com um "amigo" que morava com ele. Cigano conhece cigano e me liguei que devia ser um namorado. Comentei alguma coisa com ele e citei "eu e meu namorado". Ele se sentiu a vontade e acabou falando que o amigo que ele sempre citava se tratava do namorado.

     Não nos tornamos amigos fora dali, mas sempre conversávamos e ele me convidava pra sair com ele e o namorado pra alguma balada. Eu disse que não curtia nenhum tipo de balada (hetero ou homo) mas que um dia poderia sair pra comer alguma coisa com eles. O acho bonito, atraente, ele é professor universitário, foi casado, tem três filhos e é um pai supre presente. Eu sempre o elogiei pelo pai que ele é (vejo no face as postagens dele passeando com as crianças). Mostrei o face dele pro João, meu namorado, e sugeri se ele curtiria transarmos a três, João não se atraiu por ele e falou que não seria interessante eu misturar sexo com alguém do trabalho. Concordei e deixei pra lá. 

     Sempre que Fabiano ia malhar a gente conversava, ele falava do namorado, que o amava, que largou tudo pra viver com ele, que tirou o namorado do centro de SP e trouxe pra morar com ele no apto dele, que o namorado cozinhava bem e por isso ele não perdia peso, que eles sempre saiam pra baladas e sauna...

   Há umas três semanas Fabiano me chama no Mensager do Face e pediu pra eu orar (ele sabe que sou evangélico) pelo companheiro pois ele está internado e o estado é grave, falou que ele tava tossindo muito, era pneumonia. Falei que tudo ficaria bem. Menos de uma semana depois ele me disse que o kra havia morrido. Quando ele falou em pneumonia eu já imaginei hiv, mas óbvio que jamais falaria ou tocaria no assunto.

     Hoje ele apareceu na academia. Estava triste, muito magro. Estava com fone no ouvido e mal nos falamos. Na hora que ele estava indo embora ele veio até mim com os olhos cheio de lágrimas e disse que estava muito difícil, dei um abraço nele e falei que o Gustavo gostaria de vê-lo bem e se superando. Ele chorou mais ainda. Faltava meia hora pra eu ir embora e falei que se ele quiser poderíamos conversar. Ele me esperou. Fomos pra uma lanchonete que tem ali perto.

     Fomos pra uma mesa mais isolada pra ficarmos mais a vontade. Pedi um chocolate quente e ele um café. Chorando ele falou que o Gustavo morreu porque estava com HIV. Perguntei se ele fez o exame. Ele falou que fez também e deu positivo, ele falou que não falou sobre isso com ninguém, o tranquilizei e falei que da minha parte ninguém iria saber, exceto o João. Tentei o tranquilizar e falei que hoje e dia HIV era como ter diabetes e seguir o tratamento, inclusive falei do meu pai que é positivo há mais de 20 anos e está ai firme e forte. 

     Até ai eu pensei que o Gustavo morreu sem saber que tinha HIV. Pra minha surpresa ele falou que o Gustavo sabia da doença, que a família dele toda sabia, e pensavam que ele (Fernando) sabia e por isso não falaram nada. Como desgraça pouca é bobagem, ele falou que iam em saunas e o Gustavo transava sem camisinha com os kras, gozava na boca da galera (o Gustavo era ativo e ele é passivo = palavras dele), eu perguntei se ele nunca desconfiou disso, do namorado dele sair por ai transando sem camisinha com desconhecidos, ele falou que ele tava tão apaixonado que relevava isso. Enfim, ele chorou muito, disse que estava sem chão, estava se sentindo um lixo, sujo, traído...

     Eu quis fazer algumas perguntas mas ele não estava em condições de responder. Naquele momento ele precisava de alguém pra escutá-lo, não pra questioná-lo. Eles estavam há 3 anos juntos, e acho que há 2 morando. Só falei pra ele  esquecer a palavra religião, mas se apegar com um Poder Superior, pensar nos filhos, pensar nele, levantar a cabeça e saber que hiv não é atestado de morte. Nos abraçamos. Ele estava bem abalado. E eu passei o dia inteiro angustiado por causa disso. 

     Fiquei comovido. Me coloquei no lugar dele, a sensação de abandono, de traição deve ser muito, mas muito pesada. Ele vai precisar ter a força deu um guerreiro espartano para superar e seguir a vida. Deixei meu telefone com ele, falei que estava a disposição para ouvi-lo quando ele quisesse.

     Meu Deus, que monstro que o kra foi. Ter passado pros kras da sauna já é algo surreal e um absurdo. Agora passar pra um kra que ele vivia falando que amava, um kra que levou ele pra morarem juntos. Porra, é uma psicopatia sem limites. E segundo o Fernando, a família do que morreu falou que fazia tempo que ele tinha, que não foi surpresa. Ou seja, passou de propósito. Fernando também foi burro pra caralho, se eu vou pra sauna com alguém que eu estou namorando e vejo o kra transando a torto e a direito sem camisinha, me ligaria na hora que no mínimo tinha alguma coisa errada ali.