Me chamo Danilo, tenho 33 anos, moro em São Paulo, sou evangélico desde que nasci (igreja Pentecostal Deus é Amor), sou policial, sou o irmão mais velho, faço parte de uma família tradicional e preconceituosa, sou gay. Não queria sentir atração física por homem mas sinto, já fiz tudo que se possa imaginar pra deixar de sentir e não consegui. Criei o Blog pra desabafar e conhecer pessoas na mesma situação que a minha. Meu e-mail é: gladiadordavi@gmail.com
Fui viciado em sexo por um bom tempo, não sexo bonito, limpo, decente... mas sexo sujo, sexo em grupo, com desconhecidos, sem proteção, pagar para usuários de drogas transarem comigo, comê-los enquanto eles cheiravam carreiras de pó, pagar pra bater punheta e moradores de rua, pagar pra chupar flanelinhas, sexo em cinemas fedorentos, sexo em banheiros públicos com cheiro de bosta, dark roons, saunas, clube de sexo...Sei que me fazia mal, mas eu curtia tudo isso, sentia prazer, se não sentisse não teria vivido isso por tantos anos, curtia adrenalina. Era minha válvula de escape para qualquer probleminha que existia na minha vida. Parei com essa compulsão por sexo e a transferi pra comida, engordei bastante nesse período.
Há 5 anos fui à uma sala de Dependentes de Amor e Sexo Anônimos e vez ou outra leio a literatura dessa irmandade, quando vejo que a situação tá querendo fugir do controle volto pra lá e seguro a onda. Faz alguns poucos dias que tem voltado com força, mas com força total.
Odeio o termo depressão, mas tenho vivido essa droga. Tá controlada mas as vezes vem com força, e quando vem, também vem a vontade da velha vida, da velha insanidade, da velha loucura. Agora mesmo a vontade que to é ir pra Praça da República, pegar algum daqueles zumbis de lá e me masturbar com eles, se possível em algum beco público preocupado passa alguma viatura. Ou então ir em algum cinemão ir pro dark room e mamar e ser mamado por homens fedorentos, paus estranhos, gostos estranhos. De lá passar no Habibs 24 horas que tem ao lado do cinema e já colar na sauna Labirintus que é 24 horas, ficar na hidromassagem até chegar alguém e partir pra mais uma pegação rápida pra finalizar a madrugada.
Não fiz isso, quase fiz, mas não fiz. Pelo João (pois tenho um compromisso com ele). Mas principalmente por mim mesmo, apesar da vontade não quero voltar a viver tudo aquilo. É bom, é prazerosos, dá adrenalina, mas porra, não é normal. Deixando o mínimo de puritanismo de lado: não é normal.
Quebrando o anonimato aqui, quem frequenta o DASA sabe do que estou falando, tenho ido nos últimos dias e tem me ajudado pelo menos a voltar a ter a sanidade que tanto busco, não totalmente, mas um pouco a sanidade tem voltado ao normal. Tenho pedido ao Poder Superior para tirar essas vontades demoníacas de dentro de mim, que eu consiga administrar a minha vida pois essa vontade é apenas a ponta do iceberg. Que o Poder Superior me de serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar as coisas que posso e sabedoria para distinguir uma das outras.
Ando trocando a noite pelo dia, cansado sem motivo... hoje eu estava assim e a vontade que eu tive era simplesmente dormir e não acordar mais, apenas dormir, sem lance de suicídio, como diz um amigo meu chamado Léo: suicídio é algo anti estético e traumático para os que ficam.
A vontade que tive hoje era pegar alguns remédios fortes para dormir, ir em um motel 5 estrelas com hidromassagem, tomar alguns comprimidos, deitar na hidro, ligar a água e relaxar, descansar.
Óbvio que não fiz isso, primeiro porque tem muita gente lutando agora, neste exato momento, pra sobreviver, tanta gente sentindo dor e com garra e esperança que vão vencer as doenças. Segundo porque não quero que as pessoas que amo se sintam culpadas por nada. Terceiro porque a vida é uma festa e não posso ir embora sem dançar com minha filha, a garota mais linda, e sem ter tempo de ouvir de novo minha música preferida.
Lucas tem 23 anos, há 3 é soropositivo, pegou da maneira mais covarde e criminosa possível: um rapaz passou pra ele de propósito com uma camisinha furada. Bati um papo com ele, segue abaixo nossa conversa:
Danilo: Você mora com seus pais?
Lucas: Não não. Com meu marido.
D: Que bacana, ele tem quantos anos e faz o que da vida?
L: Ele tem 25. É farmacêutico.
D: Quando você percebeu que sentia atração física por homem?
L: Parece besteira. Mais foi na pré-escola, tinha uns 7 anos.
D: (risos) Você lembra?
L: Aham, dei um selinho em um dos meninos que estudava comigo, éramos namoradinhos.
D: Mocidade moderna (risos). E você saiu do armário com que idade? Como que foi?
L: Na vdd nunca sai do armário. Eu meio que fui retirado dele. Tinha 14 anos e tinha começado a namorar um menino também de
14. Uma prima minha descobriu nosso namoro e falou para toda minha família.
D: Nossa, e como sua família agiu com a notícia?
L: Nada legal. Eu apanhei muito. Era como se eu fosse a pior das pragas do Egito.
D: E como foi sua relação com sua família depois de saber que
você era gay, aprenderam a conviver?
L: Bom, primeiro eu fui parar no Seminário Diocesano Bom Pastor. Comecei a
estudar para padre. Porque muitos achavam que seria bom, que isso iria me ajudar,
me curar. Fiquei apenas 6 meses. Fiz questão de
sair. Não era pra mim. Passei por sessões de exorcismos para
me livrar dos espíritos malignos que estavam me amaldiçoando. Até que eu cansei.
Quando fiz 20 anos sai de Mirassol D'Oeste em Mato Grosso, onde nasci, e fui morar em Cárceres.
D: Sua família te aceitou com o tempo, após sair do seminário?
L: Minha mãe chorou muito. Mas sabia que não era meu lugar. Que eu
estava contra minha vontade. Com o tempo fomos aparando as arestas que havia
entre nós. Ela passou a compreender mais a minha sexualidade. Hoje é minha
maior apoiadora e amiga. Já meu pai respeita, mais não aceita. Ele mora longe. Então quase não o vejo, apenas por telefone mesmo. Ele é machista e homofóbico, brigamos muito no passado por isso.
D: Sua mãe e seu pai
trabalham do quê?
L: Meu pai na fazenda de minha avó. E minha mãe é funcionária
pública.
D: Como você perdeu a virgindade? Com quantos anos?
L: Eu tinha 14 anos, foi aquela coisa escondida. Ficamos em um terreno que tinha
uma construção. Foi muito bom, ele tinha 14 anos também.
D: Há três anos você foi diagnosticado com hiv, como descobriu?
L: Isso. Vai fazer 3 anos em outubro. Tive que fazer uma
cirurgia. E enquanto aguardava alta recebi uma ligação do rapaz que me
transmitiu. Depois de um tempo de conversa ele me disse para fazer o teste de
aids porque tinha deixado um presente para mim na noite em que ficamos. Pouco
depois o médico que me acompanhava veio falar comigo e confirmou a sorologia
positiva.
D: Vamos voltar ao dia em que você conheceu esse cara.
Onde você o conheceu? Como foi?
L: Pelo face. Ficamos um período conversando. E decidimos sair.
D: Que lugar do face? Alguma comunidade?
L: Não, não. Ele me adicionou.
D: E como ele se aproximou de você? o que conversava? como
puxou assunto? como foram as primeiras conversas de vocês?
L: Sinceramente não me lembro como foi exatamente as primeiras
conversas.
D: você tem os prints? Algo que possa entrar com uma ação penal contra ele?
L: Não.
D: Qual nome que ele usou no face?
L: Eduardo.
D: O sobrenome dele você lembra? O número de celular?
L: Não, eu preferi não ter muitas lembranças dele.
D: Como ele era fisicamente?
L: Magro, da minha altura, excelente aparência.
D: Lucas, quais as suas lembranças daquela noite?
L: Ele foi até minha casa me buscar. Saímos para jantar e fomos para um motel, ele era muito bom de cama, transamos quase a noite toda. Era o tipo de pessoa que atraia pelo olhar. Fora que era carinhoso, atencioso.
D: Um apessoa fácil de se apaixonar...
L: Totalmente.
D: Hoje, relembrando aquela noite, você consegue ver que tinha
algo de diferente naquela situação, naquele contexto?
L: Sim. Eu percebia que em momento algum ele deixava eu ver as
camisinhas. Quando ele gozava ia rápido para o banheiro e jogava no vaso, para que eu não as visse.
D: As camisinhas ele que levou? Não usaram a do motel?
L: Não. Somente as dele
D: Ai ele te levou pra casa, você voltou a falar com ele depois
daquela noite?
L: Não. Depois daquela noite ele sumiu. Apareceu só depois quando me ligou e falou para eu fazer o exame.
D: Você tentou contato por telefone? Facebook?
L: Sim sim. Mais tudo tinha mudado. O face não existia mais, e o telefone só dava caixa postal.
D: Quanto tempo depois ele entrou em contato? E como foi esse contato?
L: Três meses depois que saímos. Foi da forma mais cinica possível, perguntou como eu estava, o que estava fazendo. Mesmo ele tendo sumido e não ligado mais, eu o tratei bem, pois sou o tipo de pessoa que não se desfaz de ninguém. Mas não foi um contato muito longo, após eu dizer que estava bem ele ele disse pra eu fazer fazer o exame de AIDS, porque ele tinha deixado um presente
para mim.
D: Caramba Lucas, que filho da puta, e o que você disse?
L: Não consegui dizer nada. Ele desligou em seguida.
D: E como foram os momentos após a ligação?
L: De início eu não acreditei. Somente depois que o médico
confirmou que a ficha caiu. Entrei em prantos
D: Ao receber a notícia qual foi sua reação? Pra quem contou
primeiro? Fala um pouco dos primeiros dias.
L: Ahhhhh eu só sabia chorar depois da notícia. Não tinha psicológico para nada. Me sentia um lixo, um sujo. Alguém que não merecia estar vivo.
D: E seu sentimento em relação ao Eduardo, tentou
procurá-lo? Processá-lo?
L: Nos primeiros meses foi de ódio. Tentei, mais ele tinha ido
embora do estado. Só usava telefone restrito para me ligar. Facebook apagou. Com o tempo passei a a olhar diferente. E passei a ter
compaixão dele.
D: Qual foi a primeira pessoa que você contou? Como foi?
L: Minha mãe. Ela ficou bem decepcionada, chorou muito. Ela estava na minha casa quando cheguei do hospital.
D: Você disse que ao descobrir se sentiu sujo... A
partir de quanto tempo você começou a se olhar com outros olhos?
L: Quando eu participei em Recife de um encontro para
adolescentes e jovens vivendo com HIV AIDS.
D: Após descobrir que era soropositivo como foi a primeira pessoa que você se envolveu?
L: Demorei quase 1 ano para me envolver com alguém. Tinha muito medo. Não medo. Era falta de confiança. Foi com um rapaz da minha cidade natal. Começamos a namorar. Demorei um pouco para revelar minha sorologia. Foi um tanto complicada. Eu ainda não tinha a visão que tenho hoje. Estava travado, inseguro, com medo. Não sabia o que podia o que não podia, mas foi uma excelente experiência de auto conhecimento
D: E quando você revelou qual foi a reação dele?
L: Me apoiou. Disse que não ia terminar comigo apenas por este motivo. Por fim, ficamos 3 meses juntos e nos separamos por outros motivos.
D: Como você venceu essa insegurança?
L: Buscando conhecer pessoas que já viviam a mais tempo que eu com HIV e conversando. Descobrindo o universo por trás da diagnóstico.
D: você disse que começou a se amar e se valorizar a partir dos
encontros da SAE, que são os Serviços de Atendimento Especializado, por quê?
L: Me deu uma nova perspectiva. Um novo olhar sobre minha
sorologia, pude ver que eu tenho a vida toda para viver. Que minha vida é importante
e que eu poderia fazer a diferença na vida daqueles que não tem apoio.
D: Atualmente você namora?
L: Temos 1 ano e 3 meses de casados, ele era dá minha cidade, com o tempo a gente se aproximou bastante e ele me pediu em
namoro. Tempo depois me mudei para a cidade que ele mora a trabalho que é Recife.
D: Lucas não precisa entrar em detalhes, mas para eu que sou
leigo e os leitores que também são leigos, como é a vida sexual de uma pessoa
soro positiva e soro negativa, não sei se é assim que se fala.
L: Sorodiferente. É muito tranquila. Fazemos tudo o que qualquer casal faz. Apenas tomando
cuidados com a proteção.
D: Como é seu tratamento? Quais os efeitos colaterais?
L: Tomo um comprimido por dia. No primeiro mês foi bem complicado porque dava muito sono, depois meu organismo se adaptou a medicação
D: Você acredita que a cura da aids está próxima?
L: Sim. Acredito sim. Os avanços nesse campo de pesquisa
farmacêutica está muito grande.
Há uma verdadeira força tarefa em diversos campos para que a
cura seja descoberta o mais rápido possível.
D: Quem é o Lucas antes e depois dessa experiência?
L: Sinceramente o Lucas antes do HIV era alguém que não se
preocupava com a saúde, que não ligava para a vida dos outros, era egoísta,
cheio de si. Mas era uma boa pessoa. O Lucas depois do HIV, é aquele que cuida
da saúde e faz questão de que aqueles que estão perto dele também faça. Tem
todo o cuidado com a vida. É atencioso, não despreza ninguém, pois sabe que
todos são importantes e iguais. É aquele que tenta ajudar ao máximo os que
precisam. E não mede esforços para levar informação aos que não a tem.
D: Você já sofreu preconceito?
L: Talvez o preconceito velado. Preconceito descarado não.
D: Eu particularmente já fui irresponsável e sai várias vezes sem camisinha com
homem e mulher, pretendo não fazer mais isso. Você já transou com alguém sem
camisinha?
L: Sim. Algumas vezes antes dá sorologia.
D: Que dica você dá pra quem transa sem camisinha?
L: Cuidem de seus corpos, eles são preciosos. Não existe apenas
HIV no mundo, existe inúmeras DSTs. Pense, será que compensa arriscar tanto por uma transa? Tento auxiliar ao máximo aqueles que estão passando por
alguma dificuldade, dúvida. Tento levar informações para o as pessoas. Para que
elas possam ter a chance de se proteger.
D: Você faz parte de uma Rede sobre esse tema né?
L: Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV AIDS. É uma rede voltada para o acolhimento e fortalecimento do
adolescente, é do jovem que vive com hiv. Estamos sempre buscando informações para que eles tenham
mais e mais conhecimento e crescimento.
D: O que você falaria pra o Eduardo se o visse hoje cara a cara.
L: Daria um abraço e diria que eu o perdoo. Que não tenho mágoas dele. E que desejo que ele tenha encontrado paz, luz e muita compreensão na
vida dele.
D: Lucas muito obrigado pelo bate papo, curti muito. Bora pra um bate bola rápido? Vou dar uma de Marília Gabriela agora (risos).
D: Ah, antes de finalizarmos, uma pergunta de cunho pessoal, algo que me aflige, existe amor eterno entre duas pessoas? Dois homens poderiam se amar pra sempre?
L: O amor é eterno enquanto dura. A eternidade pode ser diferente para cada pessoa.
D: Brigado meu irmão, bora pro bate bola:
Saudade: Família
Estação do Ano: Inverno
Um Cantor: Sia
Religião: Agnóstico
Sonho: Um mundo livre de preconceitos
Frase: Somos
eternos aprendizes na dança cósmica do universo
Medo: Solidão
Seriado: uma série do YouTube chamada Positivos. Do Projeto
Cais
Lucas X Lucas: Incansável, louco e confiável
Uma Poesia:
Se o seu lado esquerdo não puder falar para seu lado direito o que você vai fazer, então não faça.
Se eu não puder contar para as pessoas o que eu vou fazer, se aquilo vai denegrir alguém, machucar, não faça.
É melhor perder uma oportunidade do que perder a capacidade de se amar. É uma citação minha.
Lucas muito obrigado, forte abraço, Deus te ilumine.
- Eu precisei baixar um aplicativo de putaria chamado Growlr
- meu notebook precisou quebrar...
- eu precisei levá-lo até o metrô Vila Mariana para o irmão do meu amigo consertá-lo...
- eu precisei estar com a internet do celular ligada...
- eu precisava estar com o aplicativo ativado para o João visualizar meu perfil...
- ele precisava tomar iniciativa e falar "oi" para uma das dezenas de perfil próximo de onde ele estava
- eu precisava estar afim de responder um perfil Sem Nome - o perfil dele não tinha nome, só uma carinha com dois pontos e um parentese :)
Dia 9 de abril foi nosso primeiro contato no aplicativo. Dia 14 de Abril nos vimos pessoalmente pela primeira vez: zero de expectativa de qualquer coisa acontecer ali, pois eu tinha acabado de fazer um treino de corrida de 15 quilômetros e tinha ido retirar meu notebook que estava pronto. Dia 15 de de Abril transamos pela primeira vez.
Demorou um pouco pra eu acreditar que ali viveríamos uma história bacana como a que a gente vive. Sempre o achei muita areia pro meu caminhão. Ele é lindo (branco, peludo, olhos azuis, boca linda, alto), inteligente, independente, de família, carinhoso. Foi difícil vencer minhas inseguranças e acreditar que ele queria algo mais que uma zoeira. Demorou pra eu perceber.
A coisa mais comum é banalizar a palavra "amor", tem gente que todo mês "ama" uma pessoa diferente. Demoramos uns 6 meses para rolar o primeiro "te amo".
Nesses 24 meses brigamos poucas vezes, transei com uma menina e não o considero traição por ter ejaculado dentro dela mas sim não ter contado a ele, ele descobriu depois e foi tenso.
Quero que dure pra sempre. Espero conseguir fazer minha parte para que isso aconteça. Consigo visualizar e quero ter um futuro com ele e creio que de forma natural isso ocorrerá. Espero que a gente tenha sabedoria pra manter a chama acesa. É como um jardim, só vai manter bonito e vivo se houver cuidados diários.
Há pouco mais de 30 dias decidi excluir meu facebook (de quem tá por trás do Danilo), João disse que era uma atitude meio radical então decidi apenas "desativar" e foi a melhor coisa que fiz. Cansei de redes sociais. Muita futilidade, muito fazer as coisas para os outros, muito fazer as coisas para se exibir.
Hoje em dia, inconscientemente, queremos provar que somos felizes, bonitos, alegres, ricos, fodásticos, comemos coisas deliciosas, vestimos roupas top, viajamos para lugares paradisíacos, estamos vivendo uma intensa paixão ou com vários contatinhos da maldade, temos muitos amigos, somos fitness, nos alimentamos de forma saudável. Somos os donos da verdade e mostramos que nosso lado político Direita ou Esquerda tem menos político corrupto que a outra parte (patético adotar político corrupto). Na internet também sou o bambambam, se alguém fala algo que discordo corro ao "google", copio e colo para mostrar por A mais B que eu sou certo, que eu estava certo, que meus argumentos são os verdadeiros. Que a verdade absoluta é a minha, que eu sou o fodão.
Também preciso criticar tudo e todos. Zombar de tudo e todos. Em um mundo com dezenas de milhares de religião a minha é a certa e quem for contra minha pessoa é um otário. Ateus são pessoas maldosas que comem criancinhas. Ah, e se eu for ateu preciso provar e encher a porra do saco que Deus não existe. Odeio a polícia que matou o bandido. Odeio a polícia que não prendeu o bandido. Odeio a polícia que segue a Constituição Federal e impede greves e Reintegração de Posses. Fico revoltado com o goleiro Bruno ser solto mas to nem ai se o Governador do meu Estado rouba descaradamente. Fico puto da vida com o Marcos do Big Brother que agrediu psicológicamente a puta da Emily mas to nem ai com a tal "reforma da previdência" que vai obrigar a gente trabalhar até não aguentar mais. Fico preocupado se o homem da o cu ou se a menina gosta de lamber buceta mas to nem ai com a Terceirização, temos mesmo que trabalhar de forma terceirizada sem os Direitos Trabalhistas.
Peguei nojo de Facebook e Instagram. Isso porque meu facebook havia chegado ao número máximo permitido de pessoas. Possuía uma comunidade relacionada a minha profissão com mais de 5.000 membros. Cansei. É muita futilidade. Cada dia pego mais nojo do ser humano. Segue o fluxo, até porque meu pau te ama.